HISTÓRIAS COLORIDAS NA VILA - VILA VELHA INCENTIVA LEITURA LITERÁRIA NA ALFABETIZAÇÃO

LANÇAMENTO DO PROJETO HISTÓRIAS DA VILA - VV INCENTIVA LEITURA LITERÁRIA NA ALFABETIZAÇÃO
PREFEITURA MUNICIPAL DE VILA VELHA
PARCERIA OSCIP COLORIR CRIANDO VALORES
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO – SEMED
SUBSECRETARIA PEDAGÓGICA

HISTÓRIAS COLORIDAS NA VILA:
VILA VELHA
INCENTIVA
LEITURA LITERÁRIA na
ALFABETIZAÇÃO

Vila Velha - ES
2021

1 APRESENTAÇÃO: A TECITURA DO PLANO DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

O Projeto “Histórias Coloridas na Vila” surge diante da necessidade de ampliar o trabalho com a leitura no ciclo de alfabetização, devido a vários desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus, Covid-19, entre eles a dificuldade dos estudantes em acompanhar as aulas on-line pela Plataforma Escola Tá On, canal criado pela SEMED para que a escola trabalhe remotamente com as Atividades Pedagógicas Não Presenciais – APNPs. O Projeto também busca elevar os índices de leitura medidos pelas avaliações em larga escala como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) e o Programa de Avaliação da Educação Básica (PAEBES), que tratam da consolidação das práticas de leituras; formar e leitores no contexto pandêmico; bem como colaborar para o fortalecimento da aprendizagem proposta nas ações do Pacto pela Aprendizagem no Espírito Santo – PAES, segundo a Lei Estadual Nº 10.631/2017, aderido pelo município de Vila Velha em parceria com o Governo do Estado do Espírito Santo no final do ano 2019.

Para tanto, estruturamos este Plano de Contação de Histórias, denominado Projeto “Histórias Coloridas na Vila” – com o acróstico: Vila Velha Incentiva a Leitura Literária na Alfabetização, em parceria com a OSC Colorir - Criando Valores, CNPJ: 11.103.816/0001-67, com sede na Rua Italina Pereira Mota, 440, sala 104, Jardim Camburi, Vitória – ES, por meio de seus diretores Eugênio Fernandes (RH, Sociólogo, Pedagogo, especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Neuroeducador e especialista em A arte de contar histórias) e Rita Santos (Gestora, Pedagoga, Licenciada em Letras-Português, escritora e contadora de histórias). Ambos são membros da Rede Internacional de Contadores de Histórias - RIC e Membros da Academia Internacional de Literatura Brasileira, ocupando as cadeiras 411 e 415, em conformidade com a proposta de formação do PAES e com a Gerência Formação Continuada - coordenação do PAES e formadora de professores do ciclo de alfabetização, Gerência de Projeto Educacionais - coordenação de Bibliotecas Escolares, Gerência do Ensino Fundamental – coordenação Anos Iniciais, da Secretaria Municipal de Educação de Vila Velha - SEMED.

A OSC Colorir – Criando Valores é uma parceira de referência, como pesquisadores e formadores, na contação de histórias, contando com profissionais atuantes na arte de contar histórias desde o ano 2003. Essa parceria contribuirá para ampliarmos o contato das crianças com a leitura, aguçando-as a exercitar a imaginação e a fazer novas descobertas. Com o Lema “Por uma educação humanista de respeito e paz!”, a Organização Colorir age, portanto, norteada por uma educação humanista de valores voltados para a cultura de paz, promovendo ações contra a violência e a depredação, com caráter preventivo e educativo nas escolas.

A OSC Colorir - Criando Valores será parceira na contação de histórias de forma exclusivamente on-line, através canal da SEMED no YouTube, às quartas-feiras, conforme cronograma. A Organização transmitirá ao vivo a contação de histórias com os gêneros literários: Conto de Fadas, Fábulas, Lendas, Contos Populares e Contos Natalinos, e confeccionará Painéis, Logotipo do Projeto, Música Temática, Videoconvite e Convites. Também ofertará três encontros para o curso de Aperfeiçoamento de Contadores de Histórias, em parceria com a SEMED, que será ampliado pela Gerência de Formação Continuada, com colaboração da Gerência do Ensino Fundamental – coordenação de Anos Iniciais e Projetos Educacionais – coordenação de Biblioteca. Após a apresentação ao vivo da contação de histórias, o link da transmissão será editado e disponibilizado na Plataforma Escola Tá On para que as escolas organizem o trabalho com a leitura a partir das histórias contempladas. Vale lembrar que todas as histórias são literárias.

A prática de alfabetização perpassa pela consolidação dos conhecimentos sobre a Língua Portuguesa que abrange oralidade, leitura, escrita e produção textual. A formação de leitores requer a prática da leitura vivida e experienciada no ciclo de alfabetização. No entanto, o momento atual, vivenciado por todos os estudantes e professores, é de incertezas e, por isso, no município de Vila Velha, a Secretaria de Educação criou um canal de estudo e apresentação das atividades desenvolvidas pelas escolas denominado Plataforma Escola Tá On, com o objetivo de reinventar possibilidades com o trabalho na alfabetização de forma on-line.

Desse modo, irão participar diretamente do Plano de Contação de Histórias 51 Unidades Municipais de Ensino Fundamental (UMEFs) de todas as regiões do sistema público de ensino do Município de Vila Velha, sendo elas: UMEF Alger Ribeiro; UMEF Aly da Silva; UMEF Ana Bernardes Rocha; UMEF Antônia Malbar; UMEF Antônio Bezerra de Farias; UMEF Antônio Debarcelos; UMEF Antônio Pinto; UMEF Cecília Marchesi Pavesi; UMEF Coronel Joaquim de Freitas; UMEF Deolindo Perim; UMEF Deputado Mikeil Chequer; UMEF Deputado Paulo Sérgio Borges; UMEF Dijayro Gonçalves Lima; UMEF Diretora Zdméa Camargo; UMEF Doutor Tancredo de Almeida Neves; UMEF Doutor Tuffy Nader; UMEF Edson Tavares de Souza; UMEF Giovani Cavalieri; UMEF Governador Christiano Dias Lopes Filho; UMEF Graciano Neves; UMEF Guilherme Santos; UMEF Irmã Feliciana Garcia; UMEF Izaltina Almeida Fernandes; UMEF José Elias de Queiroz; UMEF José Siqueira Santa Clara; UMEF Maria Eleonora D’Azevedo Pereira; UMEF Maria Luíza dos Santos Vellozo; UMEF Marina Barcellos Silveira; UMEF Mário Casanova; UMEF Naydes Brandão; UMEF Pedro Herkenhoff; UMEF Professor Antônio Lorenzutti; UMEF Professor Aylton de Almeida; UMEF Professor Darcy Ribeiro; UMEF Professor Ernani Souza; UMEF Professor Luiz Malizeck; UMEF Professor Paulo César Vinha; UMEF Professor Thelmo Torres; UMEF Professor Zaluar Dias; UMEF Professora Emília do Espírito Santo Carneiro; UMEF Professora Leopoldina da Conceição de Mattos Silva; UMEF Professora Maria da Glória de Freitas Duarte; Professora Nayr Dias Barbosa; UMEF Professora Nice de Paula Agostini Sobrinho; UMEF Professora Raymunda de Mendonça; UMEF Reverendo Waldomiro Martins Ferreira; UMEF Ricardina Stamato da Fonseca; UMEF Rubem Braga e UMEF Saturnino Rangel Mauro. Totalizando um quantitativo de 51 diretores, 104 pedagogos, 534 professores alfabetizadores e 12.499 estudantes do ciclo de alfabetização, sem contabilizar as famílias que também atuarão diretamente na formação dos pequenos leitores contribuindo para a alfabetização dos mesmos, principalmente, no trabalho pedagógico que diz respeito à oralidade, leitura, escrita e produção textual.

2 OBJETIVOS

Promover incentivo à prática de leitura literária no ciclo de alfabetização, ampliando o desenvolvimento da imaginação e as experiências sociais, visando à formação humana e crítica dos estudantes e professores da educação do sistema público de ensino de Vila Velha com o uso das mídias digitais e da Plataforma Escola Tá On.

Em termos específicos o Projeto se propõe a:
 
  • Conto de Fadas: Possibilitar o contato com o conto de fadas; Construir conhecimentos sobre o conto; Estimular a capacidade criativa e enriquecer a imaginação; Explorar a linguagem oral, incentivando a escrita por meio da contação de histórias; Despertar a curiosidade, a imaginação e a criatividade, promovendo o enriquecimento interior da criança, auxiliando-a a entender melhor as suas emoções; Contribuir para o desenvolvimento emocional da criança para que possa enfrentar o sentimento da perda e a angústia, sensibilizando-a para a resolução dos conflitos (internos e externos) e incentivando a cultura de paz; Favorecer o desenvolvimento da personalidade, da criatividade, da leitura e da escrita, perpassando por temas importantes de forma prazerosa e aceitável; Instrumentalizar a esperança, pois os contos se alimentam da fantasia e exercem o pensamento mágico, contribuindo com a busca da felicidade, favorecendo o sonhar acordado.
  • Fábulas: Desenvolver a habilidade de leitura por meio da contação de história; Sensibilizar sobre a importância das fábulas contribuindo para o aprendizado das crianças; As crianças aprendem observando e imitando o que vivenciam. Ao ouvirem uma fábula, elas terão a oportunidade de refletir sobre suas atitudes e valores, tanto no relacionamento com amigos quanto com seus familiares. Tem como função emocionar, divertir e instruir.
  • Lendas: Estimular as crianças a compreender o que são lendas; Conhecer algumas lendas do folclore do ES; Sensibilizar para a necessidade de respeitar a si mesmo e aos colegas em relação a crenças, costumes e tradições; Respeitar e valorizar a diversidade e a riqueza do Folclore do ES; Desenvolver habilidades.
  • Contos Populares: Contribuir para a formação da identidade e valores da criança; Desenvolver o imaginário, capacidades cognitivas e a inteligência emocional, inspirando momentos de maiores vínculos entre professores e alunos, entre pais e filhos; Apresentar os contos para que as crianças tenham suas curiosidades respondidas, descoberta de outros lugares, outras culturas, diversidades, tempos; Oportunizar as crianças a ouvirem histórias compartilhando através das narrativas os problemas e dificuldades dos personagens para que possam resolver seus próprios conflitos.
  • Aperfeiçoamento de formação de contadores de histórias/Professores/Bibliotecários e demais servidores da Educação de Vila Velha: Fomentar e incentivar a participação dos profissionais atuantes no ciclo de alfabetização nesse Plano de Contação de Histórias, promovendo a participação e a integração nos encontros ao vivo pelo canal da SEMED no YouTube.

3 CRONOGRAMA DE TRABALHO – OSC COLORIR CRIANDO VALORES X SEMED
 
GÊNERO LITERÁRIO: CONTOS DE FADA - AUTORES PERIODO/DATAS
CONTOS DE FADAS
As histórias “Contos de Fadas”, são do tipo fantásticas, possuem seres imaginários que compartilham aventuras com personagens humanos. As dimensões natural e sobrenatural se misturam, há uma tensão permanente entre o bem e o mal, finalizando sempre com um final feliz.

 HISTÓRIAS:
  1. João e Maria
  2. Patinho Feio
Autores:
Charles Perrault, Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen.
JUNHO
 Confecção de Painéis, Logotipo, Música e Videoconvite

JULHO
1ª Apresentação (João e Maria):
28/07/2021 – às 8h

AGOSTO
2ª Apresentação (Patinho Feio):
11/08/2021 – às 14h

As apresentações on-line (lives) de contação de histórias serão transmitidas pelo canal da SEMED no YouTube sempre às quartas feiras.
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO PARA CONTADORES DE HISTÓRIAS DATAS
PÚBLICO-ALVO: Educadores, Bibliotecários e demais servidores do sistema Municipal de Ensino de Vila Velha que atuam no ciclo de alfabetização.

PRÉ-REQUISITO: participar dos 3 encontros de formação pela OSC Colorir; apresentar interesse em continuar participando do grupo de Contação de Histórias a ser organizado posteriormente pela SEMED; organizar um planejamento de Contação de Histórias e ser um multiplicador da ação para os demais professores, pedagogos, bibliotecários atuantes no ciclo de alfabetização e demais segmentos da escola em que atua.
AGOSTO
02/08, 03/08 e 05/08
(Matutino e Vespertino)
Três encontros pelo Google Meet com duração de 1h20 cada encontro (4h). Quantidade: 102 pessoas - inscrição por adesão. 51 pessoas em cada turno. Uma pessoa por turno de cada escola. As escolas deverão contemplar professores/bibliotecários e demais servidores que atuam no ciclo de alfabetização.

CERTIFICADO:
Será emitido em parceria com a OSC Colorir Criando Valores e SEMED – Total de 20h (Curso – 4h + Planejamento - 15h + Apresentação - 6h = Total de 20h)
GÊNERO LITERÁRIO: FÁBULAS - AUTORES PERÍODO/DATAS
FÁBULA
Narrativa curta com ações protagonizadas por animais, objetos e outros seres que agem como pessoas. Apresenta uma moral implícita.
 
HISTÓRIAS:
  1. A Cigarra e a Formiga
  2. O Rato e o Leão
Autores:
Esopo e La Fontaine.
AGOSTO/SETEMBRO
3ª Apresentação (A Cigarra e a Formiga): 25/08/2021 – às 08h

4ª Apresentação (O Rato e o Leão): 15/09/2021 – às 14h

 
GÊNERO LITERÁRIO:
LENDAS CAPIXABAS-AUTORES
PERÍODO/DATAS
LENDAS CAPIXABAS:
A palavra lenda vem do latim e significa “o que deve ser lido”. As lendas narram a cultura e a tradição de um povo e são criadas e transmitidas oralmente. São produções que nascem da imaginação coletiva de um grupo de pessoas ou de um povo. Por meio destas histórias, expressam-se fantasias, medos, dúvidas e incompreensões.

HISTÓRIAS:
  1. O Fantasma do Convento;
  2. Pássaro de Fogo;
Obra: Maria Stella de Novaes – Lendas Capixabas. Editora Formar.
SETEMBRO/OUTUBRO
5ª Apresentação (O Fantasma do Convento): 29/09/2021 – às 08h

6ª Apresentação (Pássaro de Fogo): 13/10/2021 – às 14h (Aniversário do Eugênio)









 
GÊNEROLITERÁRIO:
CONTOS POPULARES DE DOMÍNIO PÚBLICO/AUTORES
PERÍODO/DATAS
CONTOS POPULARES DE DOMÍNIO PÚBLICO:
Os contos populares são narrativas passadas de geração a geração oralmente. Só depois foram passados para os livros. Podem existir várias versões de um mesmo conto, sendo conservada uma estrutura semelhante, embora contenham diferentes detalhes.
Cada história é aumentada e modificada à medida que vai sendo repetida. A autoria é atribuída ao povo. Muitos contos populares são bastante antigos. Passando “de boca em boca”, não eram escritos, mantinham-se vivos graças à memória dos contadores de histórias. Neste gênero literário será contemplada a diversidade étnico-racial, conforme orientação da lei Nº 10.639/2003.

Autores parceiros c/ autorização:
Célia Silva Almeida;
Nair Águila Cardoso;
Elaine Andrade Ranier Silva;
Eliane Rodrigues Pereira Verly;
Grupo Historiarte/MG.
 
OUTUBRO/NOVEMBRO
7ª Apresentação (Mirandinha): 27/10/2021 – às 08h

8ª Apresentação (Vovó Coelha e a Cabaça): 11/11/2021 – às 14h

9ª Apresentação (O Porquinho Tereteté): 24/11/2021 – às 08h
 
GÊNEROLITERÁRIO:
CONTOS NATALINOS
PERÍODO/DATAS
CONTOS NATALINOS
Serão escolhidos a partir da formação de Contadores de Histórias
DEZEMBRO
10ª Apresentação - 08/12/2021 – às 14h
 






4 FIOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO PLANO DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

4.1 FIOS TEÓRICOS

O papel da leitura na alfabetização é imprescindível para a formação de leitores críticos de texto e de vida. O momento atual requer a reinvenção das práticas de alfabetização, especialmente, no trabalho com a leitura, que fortalece a formação de leitores e escritores atuantes, de forma crítica, no seu contexto social. No entanto, para que possamos reinventar de forma efetiva possíveis práticas de leitura em tempo de pandemia, através de meios digitais, buscamos ancorar nossos conhecimentos na teoria com o intuito de formar leitores críticos da realidade em que vivem e não somente leitores de textos.

Fundamentado em estudos acerca da educação estética e da literatura, procuramos delinear os fios teóricos condutores deste plano de contação de histórias. Ao defender a educação estética, em seu livro Psicologia Pedagógica, Vigotski (2010) defende o conto de fada inteligente como saudável para a vida emocional da criança, como a brincadeira que forma criativamente a realidade, na qual pessoas e objetos assumem novos sentidos. O psicólogo russo revela que a tarefa da educação estética, como qualquer educação criadora, deve partir do talento e da capacidade do ser humano, de modo a desenvolver e preservar as potencialidades, buscando na arte (e na literatura) a sensibilidade da vida. Como lembra o autor, a literatura e a arte só são possíveis de serem percebidas por meio da linguagem.

Segundo Bakhtin (2006, p. 253) “[...] o ponto de partida da imaginação criadora na maioria é constituído por um lugar determinado e totalmente concreto [...]”, nesse caso, o mundo real em que as crianças estão inseridas. Assim, desconsiderar a imaginação e o meio social que a criança ocupa é reduzir sua capacidade de reflexão e de escuta para contribuir com os embates dialógicos das relações sociais que a rodeiam.

O trabalho com a leitura de literatura infantil deve buscar elementos que provoquem o desenvolvimento e, por sua vez, a aprendizagem das crianças acerca do seu mundo real, por meio da ficção presente nos livros de literatura. Na busca pela formação de leitores críticos da realidade vivida, Cândido (1988) defende que a literatura acende o processo de humanização do sujeito de forma estética e que
[...] o leitor, nivelado ao personagem pela comunidade do meio expressivo, se sente participante de uma humanidade que é a sua, e deste modo, pronto para incorporar à sua experiência humana mais profunda o que o escritor lhe oferece como visão da realidade (CANDIDO, 1988, p. 89-90).

Assim, o trabalho com a leitura de literatura deve potencializar a educação estética, possibilitando que a criança compreenda, por meio da ficção, o mundo real em que se encontra inserido e possa atuar crítica e inventivamente na sociedade. Bajour (2012) destaca a importância do mediador no processo de leitura. Em seu livro Ouvir nas Entrelinhas, a autora evidencia como a literatura nos toca acerca dos problemas sociais, mostrando, na ficção, como poderíamos superar tais problemas. A autora defende a escola como um lugar privilegiado para expor os problemas sociais vividos, uma vez que a leitura de literatura pode proporcionar a reflexão entre ficção e realidade. A autora nos alerta para o cuidado na seleção dos livros de literatura, já que “[...] muitas vezes desprezam a importância do estético e propõem classificações e tipologias que deixam o literário e o artístico em segundo plano [...]” (BAJOUR, 2012, p. 52).

Outro aspecto que requer atenção é a necessidade de superar práticas de leitura de literatura “monológicas” na alfabetização de crianças, ou seja, aquelas práticas em que os alunos aguardam que o professor faça a leitura do texto e apenas contemplem ou se posicionem de forma passiva sobre o assunto abordado. O conto e o reconto de histórias têm sido considerados, por grande parte dos linguistas, algumas das estratégias mais eficazes para a construção da linguagem oral e escrita e para a leitura de mundo e a obtenção de processos comunicativos dialógicos. A fala consiste em uma forma de produção textual-discursiva para fins comunicativos, sem a necessidade de uma tecnologia além do aparato disponível pelo próprio ser humano. O processo de contação de histórias é relacional, em que as palavras fluem na oralidade, em gestos corporais ou na palavra-silêncio (não falamos em silenciados, mas, sim, no silêncio ao ouvir).

Paulo Freire (2002), em seu livro A importância do ato de ler, destaca a retomada da infância distante, buscando a compreensão da leitura de mundo e as memórias da infância para a compreensão do ato de ler. Relatos bem desenvolvidos no livro deixam desabrochar as memórias e devaneios de toda uma história de vida. A contribuição de Paulo Freire remete ao trabalho de contação de histórias para a formação crítica de leitores e escritores. Destarte, buscaremos com este plano resgatar a importância do ato de ler para a formação humana de estudantes e profissionais da educação, público-alvo deste Plano.

4.2 FIOS METODOLÓGICOS

Tecendo a construção coletiva deste plano de contação de histórias, buscamos de forma colaborativa delinear a metodologia que o conduz. De acordo com Ibiapina (2008, p. 114), a pesquisa colaborativa “[...] contempla o campo da prática, quando o pesquisador solicita a colaboração dos docentes para investigar certo objeto de pesquisa, investindo e fazendo avançar a formação docente [...]”. Nesse sentido, ressalta que investigar colaborativamente significa envolvimento mútuo “[...] criando condições de transformar estes contextos em espaços mais emancipatórios” (IBIAPINA, 2008, p. 16).

Compreendemos que a colaboração só acontece em situações dialógicas entre os pares, valorizando o pensamento do outro e construindo um ambiente de discussão, de autonomia e de respeito mútuo. Ibiapina ressalta que a colaboração entre o pesquisador e os sujeitos envolvidos amplia as necessidades formativas, fazendo com que os docentes em formação se sintam motivados a refletir sobre sua própria prática de ensino, “[...] assumindo a vontade de aperfeiçoar-se e de estudar os conceitos necessários para a condução da atividade docente [...]” (IBIAPINA, 2008, p. 46).

Assim, a metodologia para a realização/aplicabilidade das ações do plano de contação de histórias se encontra detalhada no cronograma acima e foi construída de forma compartilhada com diversos sujeitos que compõem as ações de formação do PAES e as gerências de formação continuada, pedagógica e de projetos educacionais - biblioteca da Secretaria Municipal de Educação de Vila Velha - SEMED.

4.2.1 Aplicabilidade

As ações do plano de contação de histórias acontecerão de forma on-line, via canal da SEMED no YouTube, e serão exibidas ao vivo às quartas-feiras conforme período/datas do cronograma. O tempo médio das apresentações é de, no máximo, 25 minutos (tempo de concentração dos estudantes). As gravações das apresentações ficarão disponíveis para serem postadas na Plataforma Escola Tá On. Ainda será utilizado o serviço de streaming para interação com outros contadores (professores, estudantes, bibliotecários).

4.2.2 Contrapartida e Responsabilidades dos Parceiros
Compete à Secretaria de Educação de Vila Velha – SEMED, junto à OSC Colorir Criando Valores, a disponibilidade e organização, as apresentações das histórias pelo canal da SEMED no YouTube, bem como o acompanhamento, pela coordenação das ações do PAES, acerca da participação de escolas, professores, bibliotecários e estudantes envolvidos no plano de contação de histórias e na nas apresentações. Compete à OSC Colorir, Criando Valores a confecção de Painéis, Logotipo do Projeto, Música Temática, Videoconvite e Convites. A Organização irá, ainda, ofertar três encontros para o curso de Aperfeiçoamento de Contadores de Histórias em parceria com a SEMED, bem como disponibilizar as histórias dos vários gêneros literários a serem contemplados: Conto de Fadas, Fábulas, Lendas, Contos Populares e Contos Natalinos. Após a apresentação ao vivo da contação de histórias, o link de acesso à transmissão será editado e disponibilizado na Plataforma Escola Tá On para que as escolas organizem o trabalho com a leitura a partir das histórias contempladas.

4.2.3 Integração Intersetorial

Serão envolvidos na concretização deste Plano de Contação de Histórias todos os estudantes, professores, bibliotecários e demais servidores das escolas municipais do sistema público de ensino de Vila Velha que possuem turmas do ciclo de alfabetização, além da Gerência Formação Continuada - coordenação do PAES e formadora de professores do ciclo de alfabetização, Gerência de Projetos Educacionais - coordenação de Bibliotecas Escolares, Gerência do Ensino Fundamental – coordenação Anos Iniciais, Gerência de Tecnologias Educacionais, Inovação e Avaliação, bem como Gerência de Currículo, Gerência de Eventos e Gerência de Educação Especial.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo da elaboração deste Plano de Contação de Histórias, buscamos previamente analisar as premissas da importância da contação de histórias para estudantes do ciclo de alfabetização, público-alvo das ações do PAES, e sua contribuição para o fortalecimento da aprendizagem. Assim, elaboramos objetivos que serão desenvolvidos durante todo o período de vigência de atuação da contação de histórias pela OSC Colorir e pelo curso de aperfeiçoamento de contadores de histórias, ampliando de forma colaborativa o desempenho dos profissionais da educação com o objetivo de elevar os índices de leitura e escrita dos estudantes público-alvo deste plano. Tais objetivos deverão sofrer alterações conforme a demanda de atuação e necessidades que surgirem no decorrer do processo de vigência e desenvolvimento das ações.

6 REFERÊNCIAS

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovith. Marxismo e filosofia da linguagem. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

BAJOUR, Cecília. Ouvir nas entrelinhas: O valor da escuta nas práticas de leitura. São Paulo: Pulo do Gato, 2012.

CANDIDO, Antônio. Vários escritos. 2 ed. São Paulo: Duas Cidades, 1988. Disponível em: https://culturaemarxismo.files.wordpress.com/2011/10/candido-antonio-o-direito-c3a0-literatura-in-vc3a1rios-escritos.pdf Acesso em 02 mai. 2021.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 43.ed. São Paulo: Cortez, 2002.

IBIAPINA, Ivana Maria. Pesquisa Colaborativa: investigação, formação e produção de conhecimentos. Brasília: ed. Liber Livro, 2008.

LEI ESTADUAL Nº 10.631/2017 Disponível em: https://sedu.es.gov.br/Media/sedu/Portarias%20e%20Editais/2017-03-29%20-%20lei%2010.631%20-%20Lei%20PAES.pdf Acesso em 23 mar. 2021.

Plataforma Escola Tá On. Disponível em: https://sites.google.com/view/escolataon Acesso em 05 mai. 2021.

PROJETO OSC COLORIR, CRIANDO VALORES. Disponível em: https://www.projetocolorir.org/projeto/projeto-colorir Acesso em 26 abr. 2021.

VIGOTSKI, Lev Semenovich. Psicologia Pedagógica. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

LIMA, Schirlen Pancieri (Org.); NASCIMENTO, Elson Augusto do (Org.); MONTEIRO, Alzenira Barcelos; BARBOSA, Eliana Terra; FERNANDES, José Eugênio Castro; SANTOS, Rita de Cássia C. F. dos; DALMASCHIO, Lassaletti G. de M; REIS, Adriana C. dos; SOUZA, Suziléa S. de; SILVA, Márcia P.; Plano de Contação de Histórias: Vila Velha Incentiva Leitura Literária na Alfabetização. Secretaria Municipal de Educação - SEMED – Vila Velha, 2021.

ANEXO I – PARCERIA ENTRE PROJETO COLORIR E SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO MUNICIPIO DE VILA VELHA – ESPRIRITO SANTO

ANEXO II – LOGOTIPO DO PROJETO HISTÓRIAS COLORIDAS NA VILA: VILA VELHA INCENTIVA LEITURA LITERÁRIA NA ALFABETIZAÇÃO

 
ANEXO III - MÚSICA TEMÁTICA DO PROJETO HISTÓRIAS COLORIDAS NA VILA: VILA VELHA INCENTIVA LEITURA LITERÁRIA NA ALFABETIZAÇÃO


Histórias Coloridas na Vila
(Marissa de Britto e Marcelo Serralva)

Vem, pode chegar
Vou te apresentar
a um mundo belo e encantado
cheio de magia

Vem, pode chegar
que eu vou te contar
lindas Histórias Coloridas
na Nossa (Vila Velha)

Prepare o coração
que a (contação) já vai...
causos e lendas, contos de fadas
fábulas e muito mais

Colorir a Vida
pra mudar o Mundo
Colorir a (Vila)
Todo minuto, todo segundo

 

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