CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NA ACACCI - JD CAMBURI.

Publicado: 07 de Agosto de 2015

Convidados pela professora Maria Goretti Silva Assis estaremos contando histórias na ACACCI Jd. Camburi.
Projeto Contando Histórias Colorindo Vidas
Vem vamos colorir a nossa VIDA!

 
A função terapêutica da arte de contar histórias

O poder da palavra para o diagnóstico
A ideia da medicina como um fenômeno social total, ancorado primeiramente na circulação de dons entre sujeitos (troca de sofrimentos por bens de cura), permite entender-se que as mudanças em curso, tanto no plano institucional como nos modelos de gestão de saúde, são precedidas por transformações nas práticas concretas de cura da doença. A ideia de totalidade permite compreender igualmente que, se existem modificações institucionais e regulatórias dos modelos de gestão da saúde dominantes, é porque está acontecendo, no núcleo do imaginário da medicina, no interior da prática de cura, uma reação difusa mas significativa dos cidadãos contra a tendência tecnicista e hiperespecializada do sistema de cura biomédico hegemônico. Paulo Henrique Martins
A medicina não pode trazer conforto, mas certamente ajuda a contar a história final de uma vida. Quando sabemos como alguém morreu, é mais fácil nos lembrarmos de como essa pessoa viveu. E depois que a medicina termina de fazer o que pode, tudo o que queremos – e, por fim, tudo o que temos – são as histórias. Lisa Sanders 
Ouvir e contar histórias é, portanto, como sonhar acordado, como transitar livremente entre o consciente e o inconsciente, por isso a história que se segue ao Era uma vez... vai traçando linhas imaginárias e muito significativas, cheias de simbologias pessoais e intransferíveis entre o que pensa/sente o protagonista e entre o que sente/pensa o ouvinte, porque a alma compreende melhor a linguagem da imaginação e precisa “voar” para além das convenções e da objetividade da rotina humana. Corso diz que “a história de uma pessoa pode ser rica em aventuras, reflexões, frustrações: sempre será uma trama, da qual parcialmente escrevemos o roteiro”. O exercício do trabalhar as narrativas num contexto terapêutico estabelece um elo de cura, de reestruturação na travessia das histórias literárias em diálogo com as histórias humanas. Movimento que permite infinitas releituras e reescritas das histórias vividas, que permite um encontro com a subjetividade humana, que permite um tempo de elaboração com os conflitos. O objetivo principal da atuação das narrativas em contexto psicoterapêutico consiste em facilitar um encontro da narrativa literária (com enredos, tramas, dramas, desfechos, superação de obstáculos, personagens envolvidos com sentimentos de raiva, amor...) com a narrativa de vida através da atividade de escuta/verbalização/criação de histórias. Assim, a semelhança entre as narrativas humanas e literárias atua como facilitadora na ressignificação dos próprios conteúdos individuais, e como atividade de construção prática, sendo possível partir da escuta da história para a atividade espontânea da verbalização, e para a transformação da fala em história escrita, uma atividade elaborada com recursos da pintura, da modelagem, do desenho. É importante ressaltar que o tempo de escuta de cada história segue além do tempo da voz de quem conta, segue em sintonia com a melodia interna de acolher e entremear os fios das histórias humanas e literárias como ato libertador e respeitoso com a tradição milenar de contar histórias, com a busca milenar de conforto e encontro com os desconfortos superados, e que os critérios de escolha e negação de cada história têm seus traços nas limitações presentes na história de cada um. Para que o efeito da história seja benéfico é importante compreender o lugar de cada história, selecionar as histórias contadas com o fio da seleção psicoterapêutica, para que a identificação com o tema, com o enredo, surta a possibilidade de reflexão e mudança. As histórias, sejam orais, sejam escritas, nos aproximam de nós mesmos, nos aproximam dos outros. 
Trecho do artigo das autoras: Ana Carolina Lemos (Psicóloga) Nyêdja Cariny Gomes Silva (Bacharel em Letras) 

 

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